Depois de casar essa pergunta era muito comum entre amigos e familiares. Na minha cabeça surgia um treinador a dar indicações e a fazer um plano de jogo, onde, jogadores equiparados a espermatozóides corriam desenfreadamente com o único intuito de acertarem na baliza, simples que levava à vitória. O meu treinador foi várias vezes despedido, com novas contratações pelo meio, mas isso é tema de outra conversa. Mas afinal, o que são os treinos para ter filhos?
Amigas minhas, experientes nas andanças de criarem filhos, falam-me em noites mal dormidas, olheiras até aos pés, estrias, mudanças de humor, fraldas e cocós que fazer corar a Guernica de Picasso, otites, laringites e outras coisas acabadas em ites que são sinónimo de noites acordadas, a velar a criança, esperançosos que a febre baixe e que a criatura acorde melhor no dia seguinte para não passar horas enfiados num hospital público, que significa sair de lá com outra virose.
Mas, se um filho acarreta isto tudo, então os treinos devem passar por todas essas fases, qual quartel general montado em casa, para sabermos o que é ter um filho.
Não chega dizer que se anda a controlar ovulações, gráficos de temperatura, relações sexuais dia sim, dia não, porque o médico mandou, tomar a vitamina x ou y para ajudar na concepção. Os treinos são muito mais que o número de relações sexuais por semana ou acertar no dia de ovulação. Até porque, por blogs por onde eu fui passando o que encontro são mulheres a queixarem-se que depois do parto o desejo sexual foi de férias.
Se de facto levássemos a palavra treino à risca não se evitariam depressões pós parto? Se de facto experimentássemos antes o que é ter um filho, não estaríamos nós mais preparados e confiantes depois da criança nascer?